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domingo, 21 de agosto de 2011

APRESENTANDO A ANTROPOLOGIA.

INSTITUTO GOIANO DE PRÉ-HISTÓRIA E ANTROPOLOGIA - IGPA
DISCIPLINA: HISTÓRIA E CULTURA EM GASTRONOMIA
CURSO: GASTRONOMIA
Turma C01 – 2ª.e 6ª Feira das 18:45/20:15 – Sala 408 Bloco G Área I
PROFª. Leila Miguel Fraga


APRESENTANDO A ANTROPOLOGIA

INTRODUÇÃO
Na construção do saber, além das indagações, trabalhamos com um tipo específico de linguagem, a linguagem científica. Esta se desenvolve através de conceitos. É com os conceitos que o cientista pode descrever “objetivamente”, discriminar, comparar, classificar, analisar, relacionar, estabelecer diferenças dentre seus objetos de pesquisa.
Conceitos são construções lógicas, de acordo com um quadro de referências, as quais são estabelecidas para representar fenômenos ou setores de um fenômeno. São, portanto, instrumentos de trabalho, termos técnicos.
Os conceitos especificam-se por símbolos e significados. Simbolizar é operar por símbolos, dar significado à imagens conceituais.
Ex.: Sinal Símbolo (Significado
A rua está molhada = choveu.
= passou um caminhão
pipa na rua.
= existe algum cano
furado na rua.
etc ...

O ser humano, ao entrar em contato com a realidade, imediatamente apreende essa realidade em relação ao seu eu, à sua cultura, à sua história. O homem interpreta a realidade e se mostra nessa interpretação. Aí ele diz da realidade e diz de si mesmo. E quando diz, ele nasce como ser pensante juntamente com aquilo que ele pensa ou conhece. Por aí evolui o conhecimento humano. Quanto mais evolui o conhecimento, tanto mais o homem se afirma à parte dos outros animais e seres. Quanto mais evolui o conhecimento, tanto mais o homem se conhece e se elabora. Assim, o conhecimento é uma forma de estar no mundo. E o processo do conhecimento mostra ao homem que ele jamais é alguma coisa pronta na medida em que está sempre nascendo de novo quando tem a coragem de se mostrar aberto diante da realidade.

O que é Antropologia?
Antropologia (do grego anthropos, homem e logos, estudo), é a disciplina responsável pela busca do conhecimento do ser humano em sua totalidade, ou seja, suas características biológicas e socioculturais. Assim, procura entender o universo psíquico, bem como a relação entre os indivíduos e culturas, suas histórias, linguagens, valores, crenças ou costumes; incluindo a origem, a evolução e as ações da humanidade.
Como ciência da humanidade, ela se preocupa em conhecer cientificamente o ser humano em sua totalidade, o que lhe confere um tríplice aspecto:
a.) Ciência Social - propõe conhecer o homem enquanto elemento integrante de grupos organizados.
b.) Ciência Humana - volta-se especificamente para o homem como um todo: sua história, suas crenças, usos e costumes, filosofia, linguagem etc.
c.) Ciência Natural - interessa-se pelo conhecimento psicossomático do homem e sua evolução.
Relaciona-se, assim, com as chamadas ciências biológicas e culturais; as primeiras visando o ser físico e as segundas o ser cultural.
Apesar da diversidade dos seus campos de interesse, constitui-se em uma ciência polarizada, que necessita da colaboração de outras áreas do saber, mas conserva sua unidade, uma vez que seu foco de interesse é o homem e a cultura.
Pode-se afirmar que há poucas décadas a antropologia conquistou seu lugar entre as ciências. Primeiramente, foi considerada como a história natural física do homem e do seu processo evolutivo, no espaço e no tempo. Se por um lado essa concepção vinha satisfazer o significado literal da palavra, por outro restringia o seu campo de estudo às características humanas físicas. Essa postura marcou e limitou os estudos antropológicos por largo tempo, privilegiando a antropometria, ciência que trata das mensurações do homem fóssil e do ser vivo.
A Antropologia visa ao conhecimento completo do homem, o que torna suas expectativas muito mais abrangentes. Dessa forma, uma conceituação mais ampla a define como a ciência que estuda o homem, suas produções e seu comportamento. O seu interesse está no homem como um todo - ser biológico e ser cultural -, preocupando-se em revelar os fatos da natureza e da cultura. Tenta compreender a existência humana em todos os seus aspectos, no espaço e no tempo, partindo do príncipio da estrutura biopsíquica. Busca, também, a compreensão das manifestações culturais, do comportamento e da vida social.
Objeto de estudo
A Antropologia como ciência do biológico e do cultural tem seu objeto de estudo definido: o homem e suas obras.
Objetivo da Antropologia
Hoebel e Frost afirmam que a "antropologia fixa como seu objetivo o estudo da humanidade como um todo..." e nenhuma outra ciência pesquisa sistematicamente todas as manifestações do ser humano e da atividade humana de maneira tão unificada. É um objetivo extremamente amplo, visando o homem como expressão global - biopsicultural -, isto é, o homem como ser biológico pensante, produtor de culturas e participante da sociedade, tentando chegar, assim, à compreensão da existência humana.

Divisões e campo da Antropologia
A Antropologia, sendo a ciência da humanidade e da cultura, tem um campo de investigação extremamente vasto: abrange, no espaço, toda a terra habitada; no tempo, pelo menos dois milhões de anos e todas as populações socialmente organizadas. Divide-se em dois grandes campos de estudo, com objetivos definidos e interesses teóricos próprios: Antropologia Física ou Biólogica e Antropologia Cultural. Assim fazer que o homem busque na sua origem a aplitude de conhecer a si mesmo com os custumes e instinto.
Considerações
Para pensar as sociedades humanas, a antropologia se preocupa em detalhar o mais completamente possível os seres humanos que dela fazem parte, e com elas se relacionam, seja em seus aspectos físicos, em sua relação com a natureza, seja em sua constituição cultural. Para o saber antropológico o conceito de cultura abarca diversas dimensões: universo psíquico, os mitos, os costumes e rituais, suas histórias particulares, a linguagem, valores, crenças, leis, relações de parentesco, entre outros.
Embora o estudo das sociedades humanas se remote a Antigüidade Clássica, a antropologia nasceu, como ciência, efetivamente, da enorme revolução cultural iniciada pelo Iluminismo.
Breve Histórico
No século XIX, quando se constituiu como disciplina científica, a antropologia se concentrava principalmente na elaboração de teorias de evolução biológica (ou física) e cultural (ou social), os povos ditos primitivos, de sociedades tecnologicamente mais simples, eram considerados representantes remanescentes de estágios anteriores da evolução da humanidade. As diferenças físicas e sociais entre os diversos povos eram tomadas em conjunto, nas teoriais sobre “raça”. No ínicio do século XX, o estudo das diferenças sociais e culturais se tornou uma disciplina autônoma, conhecida como antropologia social (na Inglaterra), antropologia cultural (nos EUA) ou ainda etnologia (na França). Nessa mesma época, os antropólogos começaram a se dedicar mais sistematicamente ao trabalho de campo, isto [e, à observação direta dos grupos estudados: os antropólogos até então tinham pouco ou nenhum contato com as sociedades sobre as quais escreviam; mas uma nova geração, cuja principal figura é Bronislaaw Malinowski (1884-1942), passou a valorizar o trabalho de descrição e análise minuciosas de todos os aspectos importantes da vida de um grupo específico, denominado etnografia, que deveria se basear justamente no convívio prolongado com os nativos e no conhecimento da sua lígua. Na América, a antropologia cultural remonta a Franz Boas (1858-1942), (ver anexo 01), que estudou vários índios do noroeste dos EUA. Até a Segunda Guerra Mundial, quase todos os estudos antropológicos tinham por objeto os povos ditos “primitivos”, geralmente das colônias ou ex-colônias européias; a corrente teórica mais influente era o funcionalismo (ver anexo 02). Após a guerra, começou-se a empreender mais estudos em sociedades européias e asiáticas de longa tradição histórica escrita, e surgiram novas perspectivas teóricas, como o estruturalismo (ver anexo 03) de Lévi-Strauss. Hoje os antropólogos estudam sociedades de todos os tipos e nos mais diversos cenários, das cidades industriais às florestas tropicais. Vivendo no interior dos grupos e observando a vida diária, elaboram um conhecimento sobre a organização social, o sistema de regras de parentesco, a cultura, as leis, os rituais e mitos das sociedades. Comparando os diversos sistemas entre si, e aproximando-se o máximo possível da visão própria dos integrantes de cada cultura, a antropologia busca uma compreensão da variedade da existência humana.

Etnografia
Consiste na observação e análise de grupos humanos considerados em suas particularidades, visando à constituição , tão fiel quanto possível, da vida de cada um deles. A etnogrfia é sempre concebida como correspondente aos primeiros estágios de uma pesquisa: trabalho de campo, observação, descrição. Trata-se de buscar nas fontes de natureza diversa, o dado etnográgico: uma descrição de aspectos culturais, um elemento etnolinguistíco, uma informação histórica, uma observação da cultura material, para uma futura descrição mais densa, (ver anexo 04).



Exercício para casa:

1 Escreva com suas palavras uma breve reflexão sobre o que acabamos de estudar.






Escola/Paradigma Culturalismo Norte-Americano

Período Séc. XX - anos 30
Características Método comparativo. Busca de leis no desenvolvimento das culturas. Relação entre cultura e personalidade.
Temas e Conceitos Ênfase na construção e identificação de padrões culturais (patterns of culture) ou estilos de cultura (ethos).
Alguns
Representantes
e obras de referência Franz Boas (Os objetivos da etnologia - 1888; Raça, Língua e Cultura - 1940).
Margaret Mead (Sexo e temperamento em três sociedades primitivas - 1935).
Ruth Benedict (Padrões de cultura - 1934; O Crisântemo e a espada - 1946).

ANEXO 01

Escola/Paradigma
Funcionalismo

Período Século XX - anos 20
Características Modelo de etnografia clássica (Monografia).Ênfase no trabalho de campo (Observação participante).Sistematização do conhecimento acumulado sobre uma cultura.
Temas e Conceitos Cultura como totalidade.Interesse pelas Instituições e suas Funções para a manutenção da totalidade cultural. Ênfase na Sincronia x Diacronia.
Alguns
Representantes
e obras de referência Bronislaw Malinowski (Argonautas do Pacífico Ocidental -1922).
Radcliffe Brown (Estrutura e função na sociedade primitiva - 1952-; e Sistemas Políticos Africanos de Parentesco e Casamento, org. c/ Daryll Forde - 1950).
Evans-Pritchard (Bruxaria, oráculos e magia entre os Azande - 1937; Os Nuer - 1940).
Raymond Firth (Nós, os Tikopia - 1936; Elementos de organização social - 1951).
Max Glukman (Ordem e rebelião na África tribal- 1963).
Victor Turner (Ruptura e continuidade em uma sociedade africana-1957; O processo ritual- 1969).
Edmund Leach - (Sistemas políticos da Alta Birmânia - 1954).

ANEXO 02


Escola/Paradigma Estruturalismo

Período Século XX - anos 40
Características Busca das regras estruturantes das culturas presentes na mente humana. Teoria do parentesco/Lógica do mito/Classificação primitiva. Distinção Natureza x Cultura.
Temas e Conceitos Princípios de organização da mente humana: pares de oposição e códigos binários.Reciprocidade
Alguns
Representantes
e obras de referência Claude Lévi-Strauss: As estruturas elementares do parentesco - 1949.
Tristes Trópicos- 1955.
Pensamento selvagem - 1962.
Antropologia estrutural - 1958
Antropologia estrutural dois - 1973
O cru e o cozido - 1964
O homem nu - 1971

ANEXO 03


Escola/Paradigma Antropologia Interpretativa

Período Século XX - anos 60
Características Cultura como hierarquia de significados.
Busca da “descrição densa”.
Interpretação x Leis.
Inspiração Hermenêutica.
Temas e Conceitos Interpretação antropológica: Leitura da leitura que os “nativos” fazem de sua própria cultura.
Alguns
Representantes
e obras de referência Clifford Geertz:
A interpretação das culturas - 1973.
Saber local - 1983.

ANEXO 04

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