DETERMINISMO BIOLÓGICO
É a idéia de que as diferenças genética sejam as determinantes das diferenças culturais.
Os antropólogos estão totalmente convencidos de que as diferenças genéticas não são determinantes das diferenças culturais
A espécie humana se diferencia anatômica e fisiologicamente através do dimorfismo sexual, mas é falso que as diferenças de comportamento existentes entre pessoas de sexos diferentes sejam determinadas biologicamente.
A verificação de qualquer sistema de divisão sexual do trabalho mostra que ele é determinado culturalmente e não em função de uma racionalidade biológica.
Resumindo: o comportamento dos indivíduos depende de um aprendizado, de um processo que chamamos de endoculturação.
Isto é, em decorrência de uma educação diferenciada.
DETERMINISMO GEOGRÁFICO
É a idéia de que as diferenças do ambiente físico condicionam a diversidade cultural.
Não é possível admitir a idéia do determinismo geográfico, ou seja a admissão da “ação mecânica das forças naturais sobre uma humanidade puramente receptiva”.
A “cultura age seletivamente”, e não casualmente, sobre seu meio ambiente, “explorando determinadas possibilidades e limites ao desenvolvimento, para o qual as forças decisivas estão na própria cultura e na história da cultura”.
E O QUE É ENTÃO CULTURA?
Em termos antropológicos, podemos definir cultura como tendo três sentidos principais:
criação da ordem simbólica da lei, isto é, de sistemas de interdições e obrigações, estabelecidos a partir da atribuição de valores a coisas (boas, más, perigosas, sagradas, diabólicas),
a humanos e suas relações (diferença sexual e proibição do incesto, virgindade, fertilidade, puro-impuro, virilidade; diferença etária e forma de tratamento dos mais velhos e mais jovens; diferença de autoridade e formas de relação com o poder, etc).
e aos acontecimentos (significado da guerra, da peste, da fome, do nascimento e da morte, obrigação de enterrar os mortos, proibição de ver o parto, etc);
criação de uma ordem simbólica da linguagem, do trabalho, do espaço, do tempo, do sagrado e do profano, do visível e do invisível. Os símbolos surgem tanto para representar quanto para interpretar a realidade, dando-lhe sentido pela presença do humano no mundo;
conjunto de práticas, comportamentos, ações e instituições pelas quais os humanos se relacionam entre si com a Natureza e dela se distinguem, agindo sobre ela ou através dela, modificando-a. Este conjunto funda a organização social, sua transformação e sua transmissão de geração a geração.
Em sentido antropológico, não falamos, então, em cultura, no singular, mas em culturas, no plural, pois a lei, os valores, as crenças, as práticas e instituições variam de formação social para formação social.
Temos então o...
ETNOCENTRISMO
Uma visão do mundo onde o nosso próprio grupo é tomado como centro de tudo e todos os outros são pensados e sentidos através dos nossos valores, nossos modelos, nossas definições do que é a existência.
O etnocentrismo resulta do processo inicial de endoculturação e esse sentimento é conatural a maior parte dos indivíduos, quer o expressem quer não.
Deve-se considerar o etnocentrismo como um fator que opera em favor do ajustamento individual e da integração social, pois é muito importante para o fortalecimento do ego, a identificação com o próprio grupo, aquele ao qual pertencemos, cujos modos são implicitamente aceitos como os melhores.
Esse fenômeno pode, contudo, revestir-se de um caráter ativista e colonizador, como bem o demonstram os mais diferentes empreendimentos de conquista e ...
A idéia de uma cultura uniforme, tal como os evolucionistas a defenderam no século XIX, é profundamente discriminatória.
O etnocentrismo passou a ser condenado com o mesmo vigor que o racismo.
O racismo, mais que uma atitude é uma ideologia, baseada em pressupostos pseudocientíficos cuja origem pode ser datada historicamente e está longe de ser universal como o etnocentrismo.
Contrapor uma cultura tribal a outra ou a uma civilização, ou comparar duas civilizações entre si, seria o mesmo que opor valorativamente um coelho a uma galinha, ou ambos a um rinoceronte. Nenhum deles seria melhor ou pior que o outro, não tendo cabimento no caso qualquer juízo de valor.
RELATIVISMO CULTURAL
Pode ser definido como o ponto de vista de que as culturas se equivalem como valor e experiência, não se reduzindo umas às outras, não sendo mensuráveis umas pela escala de uma suposta “evolução” de outras e explicando-se plenamente, cada uma delas, de acordo com os termos da lógica de seu próprio sentido.
A lição que a antropologia nos ensina é a de que não se pode considerar inferior aquilo que é apenas diferente.
O relativismo cultural é uma filosofia que, ao reconhecer os valores estabelecidos em cada sociedade para guiar sua própria vida, insiste na dignidade inerente a cada corpo de costumes e na necessidade de tolerância perante convenções diferentes das nossas.
Uma posição relativista, portanto, é a pré-condição para a construção de uma ética planetária, a saber, uma ética que seja válida para todos os povos do planeta e que concorra – sob o signo da tolerância – à realização daquilo que um filósofo defendeu como pré-condições para a criação de uma sociedade humana.
Concluamos com as palavras do filósofo:
“A tolerância é um fim em si mesmo. A eliminação da violência e a redução da repressão na extensão requerida para proteger homens e animais da crueldade e agressão são precondições para a criação de uma sociedade humana.” Marcuse.
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