Era uma vez três porquinhos que resolveram construir... Não. Não há nenhum erro no artigo. É que vou contar essa fábula de um jeito meio diferente, mas que fará todo o sentido para quem trabalha com Gestão da Qualidade. Retomando: Descrição: http://qualiblog.files.wordpress.com/2011/08/tres-porquinhos-nc-qualiblog-3d.jpg?w=400&h=419#038;h=419
Era uma vez três porquinhos que resolveram construir um SGQ na empresa em que trabalhavam. Muito animados, procuraram a Direção da empresa e disseram que ela poderia melhorar muito se implementassem a ISO 9001. A Direção concordou, e cada um foi preparar seu processo para esse projeto. Mas assim como as pessoas, cada porquinho era diferente um do outro, e buscou soluções diferentes para seu processo. A Direção pensou em contratar uma consultoria para ajudar, mas um dos Diretores, o Sr. Lobo Mau, decidiu assumir o projeto.
E ele foi logo avisando: “Acho bom vocês três prepararem tudo direitinho, que quando eu for fazer minha auditoria, vou bufar, vou soprar, e meter Não Conformidades nos processos de vocês! O que não estiver em ordem, o porquinho responsável vai se ver comigo!”...
Deste modo, os porquinhos ficaram alarmados e se empenharam nos seus processos.
O porquinho Cícero preparou seu processo do modo mais fácil; ele não queria ter tanto trabalho assim...
Heitor já preferiu estruturar melhor seu processo, com medo das NC´s do Lobo Mau...
O terceiro porquinho, Homero, pensou, pensou e decidiu: “Se é para fazer direito esse negócio, vou fazer o meu processo bem firme e reforçado!” – Não era à toa que seu apelido na empresa era “Prático”!...
Na pré-auditoria, o Lobo Mau verificou primeiro o processo do porquinho Cícero. Como foi tudo preparado às pressas, meio superficialmente, logo o relatório do Lobo Mau estava cheio de observações negativas. – “Esse processo parece uma casa de palha; não se sustenta!” – ele disse!
Na vez de auditar o Heitor, ele disse: “Seu processo parece uma casa de madeira. Até que é razoável, mas também é bem fraquinho!”
E finalmente, chegou a vez do processo do porquinho Homero. Só que lá o Lobo Mau não teve chance! Homero havia estudado bastante; à medida que preparava o seu processo, ele mesmo levantou todas as NC´s que haviam e providenciou as correções necessárias, documentando tudo direitinho! Ele não teve medo das ameaças do Lobo Mau e mostrou suas NC´s, a grande maioria já resolvida e umas poucas em andamento, aproveitando para declarar: “Usei as NC´s como ferramenta para melhorar meu processo! Deu trabalho, mas o resultado é como uma casa bem construída, e aqui, se aparece uma falha, dou logo um jeito de resolver!” – O Lobo Mau foi obrigado a reconhecer que no processo de Homero não cabiam suas críticas pesadas!
Cícero e Heitor aprenderam a lição e perderam o medo das NC´s, fazendo como Homero e utilizando-as para a melhoria de seus processos, assim a empresa conseguiu a Certificação ISO 9001!
O Lobo Mau? – Ah! Ele resolveu fazer uns cursos na área e hoje faz auditorias bem melhores, e não tenta mais punir os outros com NC´s...
Entendendo a fábula:
Um dos grandes “medos” quando começa o projeto de implementação da ISO em uma empresa, é tomar uma Não Conformidade (NC)... Isso acontece, em parte, pela “lenda urbana” criada por alguns consultores ou até pelos empresários de que a NC é quase uma sentença de morte, ou que será vista pela empresa como uma falha grave... do funcionário, e não do processo. E em parte pela aversão que todo mundo tem a críticas.
Mas a NC não é o Lobo Mau da ISO 9001. Essa é uma visão equivocada desse registro, previsto no último parágrafo do requisito 8.3 da ISO 9001:
“Devem ser mantidos registros sobre a natureza das não-conformidades e quaisquer ações subseqüentes executadas, incluindo concessões obtidas.”
É preciso entender que ela é apenas um documento que permite o controle e o acompanhamento das falhas que acontecem, e sua finalidade é evidenciar essas falhas e suas correções. E que fique claro para todos, principalmente para os Diretores das empresas, que a NC nunca deve ser utilizada como instrumento de punição. Se isso acontece, o SGQ que estão pretendendo ter já começa com poucas chances de sucesso, pois fatalmente as pessoas podem preferir “varrer a sujeira para debaixo do tapete” do que mostrar as falhas e buscar as correções necessárias. Aliás, o grande objetivo da NC é exatamente esse: a busca das correções necessárias para a melhoria dos processos. Por isso, não deve ser vista como um B.O., e sim como algo positivo.
Cada falha relatada numa NC deve ser na verdade elogiada, estimulando o pessoal a expor o que precisa melhorar e incentivando a busca dessas melhorias!
Assim, a NC cumpre seu verdadeiro papel no SGQ, levando a Ações Corretivas e Preventivas e a resultados cada vez com mais Qualidade!
Curiosidade:
O livro “A Psicanálise dos Contos de Fadas” de Bruno Bettelheim, trás uma interessante visão sobre essa fábula. Segundo o autor, "Os três porquinhos ensinam [...] que não devemos ser preguiçosos e levar as coisas na flauta, porque se o fizermos poderemos perecer. Um planejamento e previsão inteligentes, combinados a um trabalho árduo; nos fazem vitoriosos até mesmo sobre nosso inimigo mais feroz!” – e mais adiante – “Vivendo de acordo com o princípio do prazer, os porquinhos mais novos buscam gratificação imediata, sem pensar no futuro e nos perigos da realidade, embora o porquinho do meio mostre algum amadurecimento ao tentar construir uma casa um pouco mais substancial do que o mais novo. Só o terceiro e mais velho dos porquinhos aprendeu a viver de acordo com o princípio da realidade: ele é capaz de adiar seu desejo de brincar, e de acordo com sua habilidade de prever o que pode acontecer no futuro. É até mesmo capaz de predizer corretamente o comportamento do lobo. [...]”/
“[...] a identificação com os porquinhos do conto de fadas ensina que há desenvolvimentos – possibilidades de progresso do princípio do prazer para o princípio da realidade, o que, afinal de contas, não é senão uma modificação do primeiro. A estória dos três porquinhos sugere uma transformação na qual muito do prazer é retido, porque agora a satisfação é buscada com verdadeiro respeito pelas exigências da realidade.”
Na versão que criei para ilustrar a interpretação do conceito de Não-Conformidade, os dois primeiros porquinhos representam os líderes ainda imaturos com relação às exigências da realidade, que embora tenham medo das NC´s, não as evitam e pelo contrário, até incorrem em falhas mais graves. O Lobo Mau personifica a visão errada da NC como “arma”, motivo de punição para quem falha, o que apenas alimenta o círculo vicioso de falhas ocultadas e mudanças esperadas que não ocorrem.
Aceitar uma NC significa aceitar que algo está errado e precisa de correção. É amadurecer com a crítica e melhorar, mas para que isso ocorra, é fundamental que todos os níveis entendam o real objetivo das NC´s e nunca as utilizem como motivo para punir.
creditos THIAGO PRUDENTE.(NEGOCIO IMOBILIARIO).
FONTE QUALIBLOG.(VIDE ACIMA)
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